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Direção nacional da PSP garante reforço de efetivo no Comando Distrital de Bragança em dia de aniversário

A Polícia de Segurança Pública (PSP) celebrou o 146º aniversário do Comando Distrital de Bragança na passada sexta-feira com a apresentação do recém-criado Centro de Comando e Controlo Operacional e Observatório de Mobilidade Urbana do Município de Bragança.

Pela primeira vez na história, esta efeméride foi assinalada a 4 de março, ao invés do dia 24 de Julho. Data em que tem sido, erradamente, comemorado o aniversário do Comando de Bragança desde os primórdios da existência da PSP na cidade Capital de Distrito.

Esta “correção” deve-se a uma recente descoberta, mais precisamente em 2021, aquando da localização no Arquivo Nacional da Torre do Tombo de uma ata da Junta Geral do "Districto de Bragança". Este documento, datado de 19 de fevereiro de 1877, mostra que, por deliberação tomada no dia 4 de março de 1876, em sessão ordinária, foi “creado e organisado n’esta cidade o corpo de polícia civil”, tendo sido divulgado, ainda, que ao contrário do que se pensava, Bragança foi a quarta cidade do país a receber uma força de segurança do género.

Devido à pandemia provocada pela Covid-19 e às restrições impostas pela mesma, o Comando não levou a cabo as celebrações na escala pretendida, mas ainda assim não deixou de assinalar o seu aniversário contando, para tal, com o diretor nacional adjunto, superintendente-chefe Constantino Ramos, braço direito do atual diretor nacional da PSP, Magina da Silva, que esteve, também ele, em Bragança há pouco mais de um ano, a 11 de fevereiro de 2021, no âmbito da reintegração de 18 polícias na situação de pré-aposentadoria com o objetivo de colaborarem com as Equipas de Fiscalização Covid-19 no terreno.

Nos seus discursos, quer o autarca brigantino, Hernâni Dias, quer o comandante da PSP, José Carlos Neto, mencionaram dois dos principais problemas com que se depara o Comando sediado na Capital de Distrito. Para além da média de idades dos agentes ser demasiado elevada, sendo necessário um rejuvenescimento efetivo do Comando, outra das situações ainda mais premente e que poderá ser alarmante caso se registe um aumento da criminalidade é a falta de profissionais de polícia.

Questionado sobre o atual número de agentes que compõe o efetivo de Bragança e Mirandela, José Carlos Neto optou por não responder, afirmando que essa contabilização é “matéria classificada”, afirmando, apenas, que “não temos os polícias, neste momento, que devíamos ter”.

Sem querer precisar um número concreto, o comandante auxiliou-se do discurso de abertura do edil nordestino, no qual Hernâni Dias referiu serem necessários 40 agentes, caso se deseje colmatar as necessidades mais imediatas que assolam o Comando Distrital de Bragança.

O presidente da câmara fez o favor de adiantar um número que eu acompanhava”, sublinhou o superintendente José Carlos Neto, que garante, no entanto, a segurança das populações e a eficácia e competência dos polícias sob o seu comando.

Naturalmente, temos sempre o problema do envelhecimento, que penso ser um problema quase estrutural e endémico de Trás-os-Montes do qual me tenho apercebido, ao longo dos três anos em que cá estou”, sustenta o responsável máximo pela segurança de Bragança e Mirandela, que afirma que terá de ser feito “um esforço” e sensibilizar a “nossa estrutura superior para nos acompanhar nesta necessidade de trazer profissionais mais jovens por forma a que haja aqui um equilíbrio entre experiência e juventude para, sobretudo, darmos competitividade interna ao nosso trabalho”.

Questionado pela Kapital do NordestE (KNE) sobre se havia sido feito alguma promessa ou se havia sido concretizado algum compromisso por parte da direção nacional da PSP, representada, em Bragança, pelo diretor nacional adjunto, o comandante admite haver “várias questões” que o “ultrapassam”. “A mim compete-me identificar, fazer um bom diagnóstico e ser capaz de sensibilizar a hierarquia para essa necessidade. Os compromissos são aqueles que são possíveis, mas não vamos desistir e será um propósito que iremos manter”, confidencia.

psp

Apesar dos indicadores continuarem a retratar “Bragança como um distrito muito seguro”, nas palavras do comandante, o próprio evidencia, referindo-se aos estudantes do Politécnico de Bragança, que “nós temos, hoje, 63 nacionalidades, de uma faixa etária muito jovem que gostam, felizmente, de voltarem a viver normalmente a sua vida social nas nossas cidades com os seus credos, as suas fés, as suas representações culturais e nós temos de ter uma polícia capaz de reagir a qualquer fenómeno que nos possa surgir”.

Após o ato solene, durante o qual foram homenageados diversos profissionais de polícia, quer pelo seu percurso, que pela sua conduta exemplar, seguiu-se, então, a apresentação do novo Centro de Comando e Controlo Operacional e Observatório de Mobilidade Urbana do Município de Bragança. Um infraestrutura tecnológica de topo que resultou de uma parceria entre Comando Distrital e autarquia brigantina.

No final da cerimónia, na qual, também, marcou presença a autarca mirandelense, Júlia Rodrigues, a KNE teve a oportunidade de entrevistar o convidado de honra, o diretor nacional adjunto, sobre se existia essa consciência por parte da hierarquia relativa à falta de profissionais na PSP de Bragança e se essa lacuna que se tem agudizado ao longo dos últimos anos iria ser, finalmente, colmatada. Na sua resposta, o superintendente-chefe Constantino Ramos afirmou que a direção nacional tem “plena consciência da necessidade de efetivo", reconhecendo que, "infelizmente, esse é um problema que é transversal a todo o dispositivo da Polícia de Segurança Pública".

Nas palavras do entrevistado, tem sido “tentado combater essa falta de efetivo, primeiro, condicionando, de alguma forma, a tutela a que nos seja autorizado o ingresso de novos agentes e, por outro lado, permitir, também, que a carreira seja suficientemente atrativa para conseguirmos fazer com que os jovens tenham vontade de vir para a polícia”, acrescentando que, “o resto são pormenores de distribuição de recursos humanos que temos que, infelizmente, fazer gerir entre todos os comandos distritais que, na maior parte dos casos, sofrem uma doença semelhante ao Comando de Bragança, que é a falta de profissionais e o envelhecimento do efetivo”.

A KNE voltou a insistir se esse reforço de profissionais no Comando Distrital de Bragança será concretizado a curto, médio prazo, ao que o superintendente-chefe Constantino Ramos garantiu que, “não vos posso prometer que vamos cá colocar os 40 polícias pedidos pelo senhor presidente da câmara, ainda que fosse essa a nossa intenção, mas alguns virão certamente”.

Relativamente ao novo Centro de Comando e Controlo Operacional, o diretor nacional adjunto, visivelmente orgulhoso pela conquista do Comando mais a nordeste do Continente, não quis deixar de assinalar que “esta é uma ferramenta fundamental nos dias de hoje para efeitos de policiamento e de gestão de recursos humanos e materiais", revelando que "era uma ambição antiga da Polícia de Segurança Pública, que corresponde àquilo que é um dos eixos estratégicos da direção nacional que tem a ver com a implementação de tecnologias de ponta e de tecnologias de informática potenciando todos os meios que temos neste momento ao nosso dispor". Este novo cento permitirá, de acordo com Constantino Ramos, simultaneamente, "ao comandante, ter uma visão sistemática e sistémica daquilo que se está a passar na sua cidade, no caso concreto, Bragança e Mirandela e portanto, é uma mais valia para o policiamento nas cidades".

PSP

Ainda no âmbito das comemorações alusivas do 146º aniversário do Comando Distrital de Bragança, irá ter lugar no dia 12 de março, a partir das 15 horas, um "exercício à Escala Total". O simulacro, segundo a PSP, terá como objetivo "potenciar os meios policiais existentes em Bragança e a sua integração global com os vários sistemas de resposta em emergência, proteção e socorro". Assim sendo, irá ser "desenvolvido um exercício à escala real que terá por objeto o cometimento de crimes potenciando um incidente tático-policial grave, estabelecendo uma ferramenta de desenvolvimento da capacidade de reação policial a um eventual incidente grave que ocorra na área de responsabilidade deste Comando de Polícia".

De referir que neste simulacro de grande magnitude irão estar envolvidos, não só a PSP a nível distrital, mas também reforços operacionais de Lisboa e Porto, assim como própria autarquia, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, os bombeiros voluntários da cidade, o INEM, SMPC Bragança, a Unidade Local de Saúde do Nordeste, entre outras entidades

Para além deste "exercício à Escala Total", haverá um momento cultural, no mesmo dia, pelas 21h30, já na cidade de Mirandela. O concerto solidário será da responsabilidade da Banda Sinfónica da Polícia de Segurança Pública, no Auditório Municipal da Cidade do Tua, "em solidariedade com o povo ucraniano".  Resta dizer que todos os interessados terão acesso ao bilhete em troca de um bem alimentar, bens esses que, em parte, serão distribuídos, posteriormente, aos refugiados que cheguem a Portugal, enquanto que os remanescentes serão enviados para os territórios em conflito e zonas limítrofes.

 

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