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Empresa Aethel Mining testa maquinaria pesada para extração de minério em Moncorvo

A Aethel Mining, concessionária das minas de Moncorvo, iniciou os testes à maquinaria pesada que vai fazer a extração do agregado de ferro, prevendo o início da exportação da matéria-prima ainda este ano.

"Demos início ao ensaio e afinação do parque de máquinas que vão proceder à britagem e extração do minério, e até ao fim desta semana ou no princípio da próxima fica tudo alinhado. E partir daí começamos a produzir agregado de ferro de acordo com os compromissos já que existem", explicou à Lusa o consultor da Aethel Mining, Carlos Guerra.

O responsável adianta que o parque de máquinas será composto por uma dezena de unidades de maquinaria pesada, para além do material circulante (camiões, ‘dumpers’ e escavadoras).

A empresa prevê a produção de duas mil toneladas de agregado de ferro por dia naquele depósito situado no concelho de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança.

A Aethel Mining já havia anunciado, em junho, uma carteira de encomendas de agregado de ferro para países como Espanha, França, Bélgica, Holanda e Emirados Árabes Unidos.

A empresa detentora da concessão mineira de Torre de Moncorvo pretende produzir 300 mil toneladas de agregado de ferro até ao final de 2020, destinadas aos mercados europeu e árabe.

Os trabalhos para a exploração de agregado de ferro foram retomados a 100% esta semana, após a paragem forçada, em março, devido aos efeitos da pandemia provocada pelo novo coronavírus e a restrições provocadas pela época alta dos incêndios florestais que não permitiram a ação das máquinas.

O transporte da matéria-prima será efetuado de camião a partir de um ponto de concentração da matéria-prima até à estação do Pocinho (Vila Nova de Foz Coa, Guarda) e seguirá de comboio até ao porto de Leixões (Matosinhos, Porto). Contudo, portos de mar como os de Aveiro e Sines (Setúbal) também estão nas opções da empresa.

"O transporte de agregado de ferro será feito por comboio, duas vezes ao dia, com destino ao porto de Leixões e depois seguirá por via marítima para os países destinatários, pelo menos por um período inicial de cinco anos", indicava à Lusa, em junho, Ricardo Santos Silva, administrador da Aethel Mining.

A empresa "batizou" a matéria-prima extraída do sítio da Cascalheira da Mua, na União de Freguesias de Felgar e Souto da Velha, no concelho de Moncorvo, com o nome comercial de "muadense" e indica que este é um produto natural que não contamina o meio ambiente.

minas

"Devido às alterações climáticas é à consequente subida da água do mar este produto torna-se atrativo para os países do norte da Europa", vincaram os responsáveis pela Aethel Mining.

A empresa destaca ainda que o seu projeto para Moncorvo se "diferencia" do de todos os seus pares pelo "pleno uso da sua visão de sustentabilidade e sensibilidade ambiental".

O presidente da câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, após uma visita efetuada na terça-feira ao local dos trabalhos, disse que o projeto mineiro que foi tantas vezes colocado em causa, desde a década de 80, teve a sua reativação.

"Depois das concessões que foram dadas pelo Estado às diversas empresas que tiveram interesse na reabertura das minas, às quais foram colocados diversos entraves, é um orgulho também para o município de Moncorvo, que nunca deixou cair este projeto, muitas vezes lutando sozinho juntamente com os concessionários para que este projeto avançasse", enfatizou o autarca.

No início de novembro de 2019, a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) autorizou o "controlo da mina" de ferro de Torre de Moncorvo pela Aethel Mining, empresa que espera colocar Portugal numa "posição de liderança na mineração europeia".

As minas de ferro de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região do Nordeste Transmontano, na década de 1950, chegando a recrutar 1500 mineiros.

A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas.

Após 37 anos de abandono, a atividade mineira está de regresso ao concelho de Torre de Moncorvo pela iniciativa da Aethel Mining, com um investimento previsto de 550 milhões de euros para os próximos 60 anos.

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