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Obra “E eu a cuidar!...” de Hirondino Fernandes permite regresso ao passado da linguística transmontana

A Biblioteca Municipal foi demasiado pequena para receber tanta gente interessada em recordar algumas das palavras e expressões tipicamente transmontanas usadas pelos nossos antepassados, que interessa “cuidar” para que as mesmas não caiam no esquecimento. Escangalhado, tarabelo, meruges, montchuços, trangla-manga, escatchouçar lambarozes, catcho, brezundas e mamóilas são, somente, algumas pérolas de outros tempos. E, assim, foi apresentado ao público no passado dia 11 de outubro a obra “E eu a cuidar!...”, de Hirondino da Paixão Fernandes. Um livro que convém ler para crer.

Momentos antes da atuação dos alunos da Orquestra Suzuki, do Conservatório de Música e Dança de Bragança e da apresentação do livro, a cargo do professor da Universidade Católica, Henrique Pereira, o autor, transmontano de gema, natural do Parâmio, esteve à conversa com a Comunicação Social.

São meia dúzia de contos em linguagem popular que se procura salvaguardar e, uma vez que não há gravação sonora, fica, pelo menos, a gravação escrita”, resume um bem-disposto Hirondino Fernandes, no alto das suas 90 primaveras, referindo que o livro, que é uma edição do Município de Bragança, retrata várias histórias das décadas de 70 e 80 do “século anterior” já publicadas em jornais e revistas.

Tratando-se de um evento cultural, também Hernâni Dias marcou presença no lançamento de uma obra que o próprio recomenda, classificando-a como “interessante e singular”. “É um livro diferente, é um livro único, pois utiliza uma linguagem que hoje já não é usada normalmente no dia a dia, mas que vem retratar aqui muito daquilo que era as expressões e a forma como os transmontanos comunicavam há uns anos”, concretiza o edil brigantino, para quem este livro é, também, “um processo de aprendizagem para todos aqueles que decidirem ler a obra porque, efetivamente, há muita matéria neste livro para as pessoas poderem aprender e perceber aquilo que acontecia e da forma como os transmontanos comunicavam”.

Quanto ao facto de, atualmente, a grande maioria das expressões já não serem usadas e das restantes, poucas, estarem a cair em desuso, na opinião de Hernâni Dias isso “só valoriza ainda mais o livro”.

Com a obra “E eu a cuidar!...” fica o registo para a história de palavras, expressões e histórias em memórias que, hoje, mais que rir, fazem, sobretudo, recordar as vozes de outros tempos num tempo em que as últimas resistentes estão prestes a cair com a última geração que as carrega e as faz sentir.

 

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