Empresários ligados ao turismo de natureza mostraram-se confiantes nas potencialidades do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), por considerarem que esta área protegida tem qualidades únicas para receber turistas ao longo de todo o ano.
“Há imensas potencialidades turísticas no PNDI, principalmente pelo seu património cultural, natural e tradicional. Sendo o turismo uma das atividades que mais tem crescido, está mais do que fundamentado que pode ser aproveitado como uma alavanca para o desenvolvimento social e económico deste território do interior” disse à Lusa João Martins, gerente de uma empresa vocacionada para projetos para turismo de natureza.
O empresário referiu ainda que as principais dificuldades para a implementação de projetos turísticos na área do Douro Internacional são os entraves que foram sendo colocados “há muitos anos” como o encerramento da linha férrea do Sabor e o pouco investimento do poder central nesta área protegida.
“Começa a haver massa crítica e serviços suficientes para se começar a implementar o turismo na natureza neste território, sendo importante que todos os agentes públicos e privados se envolvam para trabalhar em rede para levar projetos em frente”, vincou João Martins.
Esta foi uma das conclusões da iniciativa “Que turismo queremos para o PNDI?”, que teve como objetivo delinear a estratégia de turismo sustentável a implementar no território e juntou empresários e técnicos ambientais numa sessão que decorreu segunda-feira, dia 21 de novembro, em Miranda do Douro e que foi promovida pelo Instituto de Conservação da Natureza e florestas (ICNF) em parceria com as quatro autarquias da área do PNDI e empresas do setor turismo de natureza.
Outras experiências foram partilhadas, como o caso do empresário espanhol Xavier Sevilhano, especialista em turismo ambiental que defendeu que “há uma crise ambiental a nível global, sendo importante criar valor no território através da biodiversidade existente em cada uma das regiões”.
“O turismo de natureza também pode contribuir para cuidar da natureza através da sua conservação. Tem de haver um turismo sustentável que envolva as populações locais através da educação ambiental e que permita um melhor o conhecimento e mudar a perceção destes territórios”, frisou.
A diretora regional do ICNF, Sandra Sarmento, disse à margem da sessão de esclarecimento que o turismo de natureza é “uma oportunidade excelente para esta área protegida”.
“No PNDI há áreas temáticas muito relevantes como a observação de aves, os percursos pedestres que atravessam todo este território e já estão homologados e que podem ser percorridos a pé ou de bicicleta. Estamos igualmente a falar de uma área protegida, que em termos cénicos e visuais é fantástica, com paisagem arrebatadoras”, exemplificou a responsável.
Sandra Sarmento deixou ainda a garantia de que o PNDI é um território com “grandes oportunidades e o que falta nesta área protegida é uma estratégia de integração de diversas áreas para assim haver uma oferta integrada do ponto de vista turístico e ambiental”, disse
O PNDI abrange uma área de mais de 86 mil hectares de terreno que se estende pelos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo, território onde o destaque vai para a presença de bosques de zimbro, sobreirais e manchas de carvalho-negral, entre outras espécies da flora autóctone.
O Douro Internacional é também uma área fundamental para a conservação da avifauna, sendo uma das zonas mais importantes no contexto nacional e mesmo ibérico para a nidificação das grandes aves rupícolas.