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Freixo de Espada à Cinta e Macau unidas há mais de 500 anos por laços fraternos de amizade

Freixo de Espada à Cinta é um concelho fronteiriço que mantém há mais de 500 anos, “uma forte ligação” ao território de Macau, por via dos navegadores, missionários e seus familiares.

Neste concelho transmontano, ainda hoje, há uma enorme ligação afetiva com Macau, por razões familiares e históricas. "Creio que este seria o momento ideal para se estabelecer uma ligação entre Freixo de Espada à Cinta e Macau, porque há, ainda, muitos laços entre pessoas com origem neste concelho e Macau. Depois há todos os laços históricos que unem os dois territórios”, disse à Lusa o historiador local, Jorge Duarte.

Os responsáveis pela ligação de Freixo de Espada à Cinta com a Região Administrativa Especial de Macau são o navegador Jorge Álvares, o almirante Sarmento Rodrigues, monsenhor Manuel Teixeira e toda uma geração de jovens que partiram deste concelho encravado entre o Douro e a Beira Serra, em direção às mais diversas regiões do Oriente.

De acordo com o investigador, as relações entre Freixo de Espada à Cinta e Macau começaram em 1548, mas houve outros períodos de forte intensidade nas relações.

Os finais do século XIX são também uma época forte de emigração para Macau. Durante o século XX as relações de Macau com Freixo de Espada à Cinta foram muito próximas e muito amigáveis e familiares”, revelou Jorge Duarte.

Para o historiador, o navegador Jorge Álvares, apesar de ter uma estátua de dimensões consideráveis, tanto em Macau como em Freixo de Espada à Cinta, ambas do mesmo autor e financiadas pela mesma instituição, “é uma personagem pouco estudada” ao nível da historiografia, apesar da importância que teve na disseminação das relações entre Portugal e China no seu tempo.

O que se sabe é que Jorge Álvares foi um navegador originário de Freixo de Espada à Cinta, dado a conhecer por Fernão Mendes Pinto, através do livro ‘A Peregrinação’, em que é referindo que o autor apanhou uma boleia de barco entre Malaca e Macau, no navio comandado pelo marinheiro freixenista. Sendo assim, na época de 1500, Jorge Álvares já andava por terras do Oriente”, vincou o historiador.

Segundo vários registo, Jorge Álvares foi um explorador português, e terá sido primeiro europeu a aportar na China, por via marítima, e, em 1513, a visitar o território que atualmente é Hong Kong. Jorge Álvares faleceu em 08 de julho de 1521, Guangdong, na China.

Jorge Alvares era um nobre e tinha o seu centro de negócios em Macau”, defende Jorge Duarte.

Em Portugal há mesmo uma fundação, cujo patrono é o marinheiro transmontano, Jorge Álvares, criada em 1999, tendo sido reconhecida pelo Governo português, em 2004, como de utilidade pública.

O objetivo que esteve na génese da sua constituição foi o de, no enquadramento da Declaração Conjunta Luso-Chinesa, suscitar e promover a cooperação entre Portugal e a Região Administrativa Especial de Macau, mantendo vivos os laços multisseculares existentes entre Portugal e a República Popular da China, de que Macau foi a manifestação mais significativa”, pode ler-se na página oficial desta Fundação.

A Fundação Jorge Álvares mantém uma relação privilegiada com o Centro Científico e Cultural de Macau, instituto público do Estado Português, apoiando anualmente o desenvolvimento do seu programa de atividades em tudo quanto se relaciona com os objetivos próprios da Fundação.

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Em Portugal e também natural de Freixo de Espada à Cinta, há ainda um outro nome que em muito contribuiu para o fomento das relações entre este concelho e o território de Macau, trata-se do missionário Monsenhor Manuel Teixeira (1912-2003)figura icónica no seio da comunidade portuguesa de Macau.

O religioso viveu 75 anos no extremo oriente, 60 anos em Macau e 15 anos em Singapura.

Por exemplo, José Teixeira publicou “Manuel Teixeira, de Menino a Monsenhor”, editado pelo Instituto Internacional de Macau, há poucos anos, também António Graça de Abreu lhe dedicou o poema “Com Monsenhor Manuel Teixeira em Freixo de Espada à Cinta”, inserido no seu novo livro “Lai Yong, Bernardo e Outros Poemas”, editado pela Lua de Marfim, em julho de 2018.

O clérigo viveu grande parte da sua vida em Macau e contribuiu bastante nas áreas de missionação, de educação e do estudo da história, tendo Deixou uma grande quantidade de informação valiosa e sobre o território e a história da diocese .

Jorge Duarte refere, ainda, que não se pode desassociar a história de Macau em relação a Freixo de Espada à Cinta, porque em mais de 500 anos houve “imensos” contactos entre os dois territórios, sublinhando que "ainda hoje há gente que nasceu em Freixo de Espada à Cinta a residir em Macau". O historiador carateriza os laços com Macau como "muito fraternos" e dá o exemplo do monsenhor Manuel Teixeira que é, por si só, "uma figura de relevo, nestas relações".

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