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S. Pedro ajuda ao retomar da economia em Bragança no regresso das feiras do Artesanato e Cantarinhas

Até domingo, Dia da Mãe, após um interregno de dois anos, motivado pela Covid-19, a mais emblemática feira do Nordeste Transmontano, a Feira das Cantarinhas, regressa ao palco central da cidade milenar de Bragança. A inaugurar as hostes, esteve, a 27 de Abril, a 34ª edição da Feira do Artesanato que, à semelhança da Feira das Cantarinhas, só terminará a 1 de maio.

No total, são 58 expositores distribuídos pelo mesmo número de stands, oriundos de todo o país, reunidos na Praça Camões, em pleno Centro Histórico da Capital de Distrito, que olham para este género de eventos como uma montra, a oportunidade de ouro para mostrarem a arte imbuída nas suas obras. Mas mais que isso, para muitos trata-se de sobrevivência, trata-se de venderem peças suficientes que lhes permitam continuar a exercerem o seu amado ofício.

Com uma outra dimensão, a Feira das Cantarinhas, apoiada na tradição e no tempo que lhe permitiu a consolidação, conta com cerca de 400 comerciantes e diversos momentos musicais, a cargo de gaiteiros, tunas e concertinas que irão, certamente, animar turistas e transeuntes.

A primeira etapa do Campeonato de Portugal de Trial Urbano 4X4 com entrada gratuita na zona envolvente do Estádio Municipal durante o fim de semana e a 1ª Meia-Maratona das Cantarinhas, a 8 de maio (notícia em breve), são dois dos pontos altos incluídos no programa.

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“Há uma retoma da atividade turística muito por força dos nossos vizinhos espanhóis”, Hernâni Venâncio Dias (HVD)

 

A Kapital do NordestE (KNE) esteve na inauguração da Feira do Artesanato, onde teve a oportunidade de entrevistar o edil brigantino que se mostrou muito satisfeito pelo retomar da programação anual do município, findos dois anos de pandemia e na semana em que o Governo consentiu a não utilização de máscaras, tirando uma ou outra exceção.

As expectativas são sempre bastante altas como é evidente, até porque é a primeira feira depois destes dois anos em que estivemos parados e, também, se nota, por parte dos expositores, uma vontade grande de estarem nos eventos e poderem fazer o seu negócio”, afiança Hernâni Dias, que diz constatar não só uma motivação por parte dos expositores como, inclusive, do público em geral, em sair, visitar, passear. Fazer tudo aquilo que não era permitido num passado recente e mais que isso, perder o receio e conquistar, de novo, a confiança na proximidade.

De acordo com o edil brigantino, o mais importante é “dinamizar a economia local”, sendo que houve artesãos dos quatro cantos do país que não puderam picar o ponto na Capital de Distrito, por estes dias, dadas as “dificuldades económicas” que atravessam, nomeadamente, devido ao “aumento do preço dos combustíveis”.

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Feiras do Artesanato e das Cantarinhas com um orçamento próximo dos 45 mil euros.

 

Já no que diz respeito à Feira das Cantarinhas, o número de comerciantes é, sensivelmente, idêntico ao das últimas edições do certame, a rondar as quatro centenas, assevera Hernâni Dias, que diz acreditar num “grande incremento de visitantes”, não só portugueses como, também do “outro lado da fronteira”, referindo-se a “nuestros hermanos”. Até porque, graceja, “se prevê que o S. Pedro nos ajude com as condições climatéricas, o que é sempre um fator relevante”.

E se o ano de 2014 marcou o regresso da tradicional Feira das Cantarinhas aocoração da cidade”, cinco anos depois Hernâni Dias faz o cômputo geral da transição que, na altura, ainda fez correr alguma tinta. “Pelo centro irá continuar durante muitos anos, pois é aqui que ela faz sentido”, assevera, sem dar margem para dúvidas.

Apesar de ser praticamente impossível contabilizar o número de visitantes, em ambas as feiras, dado o formato aberto das mesmas, Hernâni Dias reitera que o fundamental é que “venha muita gente, que as coisas corram bem aos expositores, aos feirantes, que as pessoas fiquem satisfeitas, que haja movimento na restauração, na hotelaria e que, para o comércio local, esta seja uma oportunidade de negócio”.

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“O importante para nós é a actividade comercial, é aí que reside o nosso foco porque a dinamização económica é aquilo que se pretende desta iniciativa”, HVD

 

À conversa com a KNE esteve, ainda, a presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (ACISB), que partilha da elevada expetativa, não só do presidente da câmara como, também, dos artesão, expositores, feirantes, comerciantes, munícipes e visitantes. “Dois anos depois, as expetativas são enormes! Os nossos artesãos estavam desejosos em fazer esta feira. As pessoas, de uma forma geral, estavam com saudades e penso que será um sucesso enorme”, confidencia Maria João Rodrigues, presidente da associação responsável pela organização de ambas as feiras, Artesanato e Cantarinhas, em parceria com a autarquia.

Na perspetiva da entrevistada, muitos artesãos decidiram não se deslocar à Capital do Nordestecom receio que as receitas não cobrissem as despesas”. Sobretudo, devido ao encarecimento do nível de vida, resultante da guerra na Ucrânia, e ao aumento dos custos relacionados com o transporte.

Entre os 58 artesãos que marcam presença na Feira do Artesanato, contabilizam-se 16 residentes no concelho de Bragança, bem como alguns oriundos do distrito e outros há que vieram de outras regiões do país. “Mas a maioria é do distrito”, regista Maria João Rodrigues, que considera que a Praça Camões está “muito bem composta, temos artesãos das mais diversas áreas e muito originais, desde a arte sacra, à ginginha, à cutelaria, ourivesaria, portanto, temos um leque variadíssimo de artesão para esta feira ser um sucesso”.

Em concordância paralela à do edil Hernâni Dias, também a presidente da ACISB elogia a vinda da Feira das Cantarinhas para o centro da cidade, avalizando ser o “melhor local” para a realização da mesma, mas vai mais longe, no sentido em que acredita “piamente” que a alteração da data é outro dos fatores que tem vindo a contribuir e contribuirá, de futuro, para o seu êxito.

Recorde-se que, em 2018, a data da Feira das Cantarinhas, conhecida, tradicionalmente, como a Feira do 3 de maio, foi alterada após sondagem protagonizada pelo município e pela ACISB nas redes sociais. "Acha que a Feira das Cantarinhas, em vez de se realizar nos dias 1, 2 e 3 de maio, passe a realizar-se sempre no primeiro fim de semana de maio?" foi a questão colocada aos concidadãos. Das quase 1500 respostas, 61 por cento (%) respondeu "sim" e 39% respondeu "não", enquanto que no inquérito levado a cabo entre feirantes e operadores do mercado municipal, a diferença foi substancialmente maior, já que 85% respondeu afirmativamente e só 15% respondeu que "não".

Foi uma das melhores decisões que a autarquia podia ter tomado”, atesta Maria João Rodrigues, visivelmente ansiosa, no bom sentido, pelo regresso à tão desejadanormalidade”. “No fim de semana e junto a um feriado, as pessoas têm muita mais facilidade em se deslocar à cidade e o facto de apanhar o Dia da Mãe, a 1 de maio, é sempre muito importante”, conclui a entrevistada, que manifesta valer “sempre a pena lutarmos por aquilo em que acreditamos”, referindo-se à alteração da data da Feira das Cantarinhas.

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GALERIA FOTOGRÁFICA: FEIRA DO ARTESANATO

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